Os 6 D's da Odontologia
Falem, Dentistas!
Depois retratarei os 6 D’s da odontologia, mas antes uma pequena introdução…
A digitalização dos processos das clínicas e consultórios odontológicos, estão promovendo uma mudança gigante no jeito que o cirurgião-dentista encara o atendimento aos pacientes, tratamentos e a gestão de seus negócios.
Não é por menos, num mundo no qual a tecnologia reduziu mercados gigantes à pó (pergunte pra Kodak, gravadoras de música e taxistas como elas estão hoje), remodelando o futuro da mobilidade, hospedagem, energia, relacionamentos, da saúde…
Certamente, a Odontologia também seria afetada.
E para o lado positivo!
Esse momento nos força, como dentistas, realizar grandes mudanças de mindset.
Nossa!
Como é difícil sair da zona de conforto…
A gente não foi “treinado” na faculdade para ser digital.
Aprendemos todas as ferramentas de diagnóstico e técnicas manuais que nos tornaram excelentes “artesãos”.
Tudo no papel e usando o cérebro como um disco rígido para milhares de informações.
Agora, neste momento, tudo mudou!
As ferramentas e o armazenamento passam aceleradamente para os computadores.
De repente, os cirurgiões-dentistas passaram ter uma importância fundamental no diagnóstico e tomada de decisões, utilizando as máquinas como uma extensão cerebral, inaugurando um conceito de inteligência aumentada.
Sim!
Aos poucos estamos virando dentistas cibernéticos!
Reconstrução odontológica
Essas tecnologias que estão reconstruindo as bases da Odontologia, podem ser consideradas exponenciais, já que as ferramentas, anteriormente disponíveis apenas para grandes empresas, estão dentro do consultório do profissional.
E melhor, o dentista pode contribuir em comunidades, compartilhando informações e experiências técnicas, acelerando o desenvolvimento de um novo tipo de tratamento, por exemplo.
Pra gente entender o impacto dessas mudanças vamos pedir ajuda de Peter Diamandis, cofundador e presidente da Singularity University, a faculdade que está ajudando a moldar o futuro com essas tecnologias exponenciais.
Diamandis desenvolveu um modelo chamado os 6 D’s das tecnologias exponenciais, com o objetivo de fornecer aos novos empreendedores (e antigos, porque não?!), informações sobre o futuro de seu negócio.
Ele defendia que toda tecnologia exponencial se comporta desenvolvendo-se em seis etapas principais: digitalização, decepção, disrupção, desmonetização, desmaterialização e democratização.
Naturalmente, nem toda tecnologia desenvolvida atinge uso pela maior parte da massa consumidora.
Porém, aquelas que se entenderem como de massa (e eu incluo as desenvolvidas para a Odontologia como tais), devem observar atentamente o gráfico abaixo e enxergar claramente seu momento de vida.
Etapa 1: Digitalização
Quando um processo transforma-se em 0 e 1.
Esse processo era manual, dependia de materiais para ser executado e surge uma nova tecnologia que consegue colocá-lo no computador.
Exemplo maior na Odontologia, é a substituição das moldagens pelo escaneamento intraoral.
Etapa 2: Decepção
Olhando pro gráfico acima, você observa um momento que ele não tem característica exponencial.
Parece reto e não evoluir.
Esse é o momento de decepção.
É o momento que quase nada parece evoluir: tecnologias e consumo parecem estagnados.
Porém, na verdade, é movimento lento e silencioso, geralmente comandado por paladinos da tecnologia (os loucos de outrora).
Nesse momento, surgem processos mais eficientes e novas formas de melhorar essa tecnologia.
Aos poucos o gráfico ganha verticalização, mostrando-se exponencial.
Eu acredito que esse é momento atual da Odontologia CAD-CAM.
Nem tudo é feito nela.
Nem todos estão utilizando.
Alguns já até abandonaram.
Os custos são caros ainda.
Entretanto, seu crescimento continua firme.
Em pouco tempo chegará à sua próxima etapa: a disrupção.
Etapa 3: Disrupção
É o momento em que a nova tecnologia, iguala-se em uso/consumo às maneiras e métodos anteriores de resolver os problemas inerentes à eles.
As novas formas digitais mostram-se mais eficientes, precisas e valorosas para a maioria dos usuários e, passa a fazer sentido substituir as antigas.
Costumo dizer que esse é o momento de esperneio: fabricantes e profissionais mais antigos batem pé, brigam e expõe as fragilidades do novo método.
Porém, esses passaram tanto tempo parados e sem evoluir que não conseguem sequer ver os defeitos do seu método e as qualidades dos novos.
Esperneando ou não, a tecnologia acaba se impondo.
Um taxista pode explicar melhor isso pra você.
Etapa 4: Desmonetização
Com todo mundo usando e dando feedback automático aos sistemas computacionais, agora, a solução principal, está ficando mais eficiente e cada vez mais digital, melhorando ainda mais o processo.
Melhora tanto, que chega dispensar humanos em certas funções.
E como o homem/mulher é o ponto que encarece a maioria dos processos, essa solução torna-se mais barata.
Me lembro das brigas que tínhamos na graduação para dividir os 3 fotopolimerizadores disponíveis.
Antes caríssimos, hoje, são facilmente vistos aos montes em postos de saúde do Brasil.
Etapa 5: Desmaterialização
Nessa etapa, além de ficar mais barato, a solução passa a estar facilmente disponível por meios digitais.
Calculadoras, discmans, câmeras fotográficas e bússolas perderam seus gadgets físicos e passaram a estar disponíveis digitalmente em um único device.
Eu penso que esse é um caminho natural dos processos de laboratórios de prótese.
Muito do que se faz hoje fisicamente, estarão exclusivamente dispostas na tela dos computadores, deixando apenas algumas etapas inevitavelmente físicas, materializadas.
Etapa 6: Democratização
Muitas coisas deixaram/deixarão de ser exclusividade de certos grupos mais abastados da sociedade, para serem itens comuns nas mãos de todos.
Com a proliferação do modelo Freemium de comercialização, muitas tecnologias estão disponíveis gratuitamente ou com preços ridiculamente baixos.
Antes você tinha que comprar um CD pra escutar sua única música preferida.
Ela saía caro, pois você tinha que comprar o CD todo.
Com o iTunes, você passou a comprá-la individualmente.
Com o Spotify, você pode escutá-la gratuitamente em meio à propagandas e, se você se incomoda com as mesmas, pode pagar o serviço completo pelo preço de um CD!
Na Odontologia isso já acontece!
É contestável mas, a Align Technologies (a mesma do Invisalign) já possui serviços de alinhamento dentário “caseiro” nos EUA.
O paciente só precisa se deslocar para pontos de escaneamento intraoral, pagar um preço abaixo do que pagaria num dentista comum e esperar no conforto do lar as plaquinhas que vão proporcionar o movimento.
Cá pra nós?
Para o paciente é mais confortável, e parece mais seguro, pois possui uma grande empresa por trás do processo.
Não vou discutir aqui se está certo…
Porém, temo que isso seja um padrão para vários tipos de tratamento daqui pra frente.
E por fim...
Peter Diamandis propôs os 6 D’s das tecnologias exponenciais, se referindo a toda e qualquer solução tecnológica, inclusive às de saúde. Inclusive, a saúde é conteúdo prioritário da Singularity University.
O que nos garante que a velocidade desses avanços terá combustível para acelerar.
E, adivinha?
A odontologia vai junto.
Você vem também?