disrupção tecnológica

A disrupção tecnológica

Se você não acredita na disrupção tecnológica, olhe em volta.

Quando foi a última vez que você viu uma evolução significativa na sua forma de moldar seus pacientes.

A técnica é a mesma, os materiais e seus propósitos continuam os mesmos, e você também não mudou a forma de fazer isso.

Em substituição ao processo que exemplifiquei acima, chegou o escaneamento intraoral.

Apesar de não estar 100% disponível no consultório odontológico, hoje, você o encontra com preços até mais baratos que o comum, e disponíveis através de serviços terceirizados de clínicas de radiologia odontológica e laboratórios de prótese.

O processo digital pode mudar tanto a rotina do dentista, que o arquivo obtido no escaneamento pode correr o mundo e ser processado numa central desconhecida, e devolvida como um tratamento ortodôntico completo com alinhadores.

Ou, em uma prótese linda.

E ele só será materializado se o paciente e/ou dentista, quiserem, e se forem aprovados previamente.

Além da agilidade, o dentista e o paciente ganharam opções de escolha, qualidade, flexibilidade e baixo custo no processo.

Diferente das longas esperas, e retrabalhos em tarefas de protéticos e tratamentos ortodônticos mais simples, por exemplo.

Um pouco dos 6D's

Em um texto anterior, falei do método dos 6D’s das tecnologias exponenciais, criado por Peter Diamandis.

O objetivo dele ao desenvolver o método era fornecer a empreendedores, informações sobre o futuro de seu negócio.

Ele defendia que toda tecnologia exponencial se comporta desenvolvendo-se em seis etapas principais: digitalização, decepção, disrupção, desmonetização, desmaterialização e democratização.

Nesse texto, explico que na etapa de disrupção tecnológica igualam-se em uso às velhas formas de resolverem os problemas inerentes à eles.

Com o tempo, as novas formas mostram-se mais eficientes, precisas e valorosas para a maioria dos usuários e, passa a fazer sentido substituir as antigas.

No dicionário do Google (vivemos em tempos modernos, tá?!), disrupção é conceituada como interrupção do curso normal de um processo.

Ou seja, naquele momento, uma velha tecnologia interrompe sua evolução, dando lugar a uma nova, que chamamos de disruptiva. Lembremos dos Smartphones, Uber, AirBNB, Dropbox, Spotify, Netflix, DAZN, Tesla…

Esses entraram no mercado desafiando o status quo e pulverizando grandes, eliminando minúsculos e mudando a forma que nos comportamos, comunicamos e aprendemos as coisas.

Observamos um fenômeno semelhante na odontologia.

É o momento da odontologia digital.

E tudo que é digital, pode (e vai) virar exponencial.

E sendo exponencial, você sabe, uma hora vai romper mercados.

Minha ideia nesse texto é fazer um exercício de futurismo, apoiado no que já acontece em outros mercados e profissões, e aplicá-lo na odontologia.

Para isso, escolhi 6 tópicos que acredito que devem mudar na sua rotina clínica e quebrar mercados atualmente bem rentáveis.

Paciente Virtual

Tomógrafos, escâneres de face/intraorais e sensores de movimento, estão cada vez mais conectados, utilizando-se de softwares e inteligência artificial para reconstruir o paciente no digital.

Se antes, tínhamos um momento estático do paciente nos exames de diagnóstico, hoje podemos ter o paciente e suas características dinâmicas na tela do computador.

Isto certamente, forjará novos equipamentos, capazes de fazer tudo isso simultaneamente, destruindo empresas que insistirem em soluções individualizadas, mesmo que altamente tecnológicas.

Inteligência Aumentada

O volume de informações disponíveis sobre saúde, é imensurável.

E com a internet, isso tornou-se ilimitado, todo dia uma nova pesquisa é realizada, e novos paradigmas são quebrados.

Profissionais de saúde enlouquecem com isso. Para evitar isso, podemos pedir emprestado a capacidade de processamento e armazenamento de serviços como o IBM Watson.

O serviço de inteligência aumentada, já coopera com muitos hospitais no mundo, cruzando dados e analisando-os para oferecer diagnóstico e opções de tratamentos mais assertivos, caso a caso.

Isso, de alguma forma, terá impacto na formação em saúde, deixando livros didáticos, e até certos conteúdos obrigatórios, obsoletos.  

Até a própria figura do radiologista, deverá ser reinventada ao longo dos anos para adaptar-se a nova realidade.

Robótica/nanotecnologia

O uso conjunto da robótica e nanotecnologia, deverá revolucionar as atividades manuais mais tradicionais da odontologia.

Tratamentos de canal e remoção de cáries simples, devem ser impactadas pela presença de minúsculas câmeras e robôs, que podem trazer as videocirurgias para a odontologia.

Imagine-se com óculos conectado a esse sistema, observando os limites de uma cárie e comandando com um joystick a perfuração da cavidade com um sistema laser.

Será o final das brocas e peças de mão.

E com a eficiência do processo, muitos tratamentos podem ser evitados.

Odontologia à Distância

A digitalização da maioria dos processos odontológicos, possibilita o envio das informações para qualquer lugar do mundo, e futuramente, do universo (Pergunte pro Elon Musk o porquê!).

Com isso, é possível imaginar que em pouco tempo (e com autorização legal dos governos) será possível realizar consultas diagnósticas à distância.

O paciente pode enviar as informações clínicas via app, dispositivos wearables podem informar outras coisas nesse mesmo aplicativo, e um dentista à distância, pode auxiliá-lo na resolução de um problema.

Caso necessário, o paciente poderia ir até um centro de diagnósticos físico para maiores exames, que seriam enviados para o mesmo profissional.

Parece distópico, mas se levarmos em consideração que, em alguns casos, o paciente possui saúde bucal satisfatória e ausência de patologia, estaríamos à frente da otimização de tempo e do atendimento básico de saúde bucal.

Dentistas não especialistas, teriam seus empregos ameaçados, e planos de saúde odontológicos teriam que mudar a forma de cobrar os seus segurados.

Tratamentos realizados por computador

Planejar casos em computador não é uma novidade.

Há muito tempo, já se faz planejamento virtual de cirurgias ortognáticas, para implantes e setups ortodônticos em uma tela.

A novidade é que, inteligência artificial, big data e machine learning já automatizam o processo, fazendo praticamente tudo pro profissional, entregando o tratamento pronto, deixando pro profissional apenas o controle e ajuste do mesmo.

Soluções como o Clincheck (Align Technologies Inc.) já colocam isso em prática: após escaneamento intraoral, o sistema “desenha” o novo sorriso do paciente, cruzando as características individuais do paciente com a base de dados gigantesca de tratamentos da empresa.

Resultado disso é uma solução de tratamento entregue em dois minutos ou menos.  

Em breve, as empresas de software que não observarem este movimento, devem morrer.

Softwares que não coletam informações, processam e entregam soluções em tempo real, serão tidos como ultrapassados.

Self-treatment

As duas situações anteriores, me levam a imaginar que muitas outras soluções devem surgir para serem aplicadas sem a necessidade de profissionais, com segurança e assertividade.

Muitos dentistas torcem o nariz para isso, mas o fato é que as tecnologias evoluem em função de quem terá os resultados finais, e não para quem o utiliza como meio.

Pacientes estão em maior número que dentistas.

Então, se em algum momento, as agências e os países autorizarem algo de domínio profissional, o nosso será realizado em casa pelo próprio paciente, as empresas correrão sem lembrar da gente.

Isso já acontece com muitas especialidades médicas, e certamente, teremos esse momento também.

Para concluir...

Como falei pra vocês, isso foi um exercício de futurismo!

Mas… Se vocês leram esses tópicos e pensaram: “Tá distante!”, ou mesmo “Isso não vai acontecer!”, eu compreendo seu ponto de vista, mas sinto muito por você!

Alguns desses tópicos podem acontecer antes do esperado, alguns depois, outros nem acontecerão.

Mas, uma coisa é certa: o futuro se constrói hoje, e antecipar as tendências (mesmo que você erre algumas), é a melhor forma de se manter relevante em um mercado extremamente competitivo.

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